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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Meu bem, Meu mau! Poesia





Meu bem, Meu mau! Poesia


Ele não precisa ler muito, pois sabe tudo.
Já eu preciso ler tudo, pois não sei nada.
Ele é introspectivo, preza o silêncio e a reflexão.
E eu sou filha da história, Sherazade de formação.
Ele luta Kung fu, enquanto eu pratico Yoga.
Ele se expõe em planilhas e eu em versos e prosa.

Ele sabe contar, calcular a porcentagem!
E eu? Ora, eu sei narrar, escrever, falar bobagem.
Ele prefere o campo e eu, se sonho, é com o mar.
Ele dorme no avião(!) e eu só faço rezar.

Ele se impõe no olhar, eu me apóio na oratória.
Ele é rei da concisão e eu da dissertação.
Ele comanda 30 e eu não chefio ninguém.
Ele enxerga o hoje e eu só vejo o além.


Na emergência, ele é mansidão – já eu viro tempestade.
No dia a dia, sou mais calma, ele grita por bobagem.
Ele dirige em São Paulo, em Minas, nas rotas do litoral.
Eu me perco no bairro, a pé, indo à banca de jornal.

Ele negocia o mundo, multiplica, contrata, demite, produz!
E eu? Eu fico em casa escrevendo, bastando um facho de luz.
Ele usa terno e gravata, gel no cabelo, perfume importado.
Eu uso saia de algodão, com renda, florzinha e babado.

Ele é “João Balalão, senhor capitão, capote vermelho, chapéu de galão, espada na cinta, ginete na mão, João Balalão, Balalão, Balalão”.
E eu sou “Senhora Dona Sanja, faz favor de entrar na roda, diga um verso bem bonito, diga adeus e vá-se embora!”.

No jogo ele grita “Goooooooooool”! E eu sequer presto atenção.
Na música ele desafina e eu sou pleno pulmão.
No amor ele é puro instinto, força física, paixão!
E eu pulso na poesia, romantismo e coração.

Ele é a minha lógica, minha dose de razão.
Ele é o mundo lá fora, puro poder, explosão!
E eu? Meu Deus… O que eu sou?
Só uma moça do sertão.

Goimar Dantas

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